Insólito Amor

Todos os dias ele passava em frente aquela loja elegante.
Através da vitrine ele podia vê-la.
Ela veio pela primeira vez no dia dos namorados,estava maravilhosa de vermelho.
Linda, leve e loira, olhos azuis,emprestava sua beleza clássica e longilínea aos olhos dos passantes.
Com certeza muitos por ali passavam por causa de sua deslumbrante figura,pensava o moço com uma pitada incontrolável de ciumes.
Ele soube pela faxineira que ela era de um pais estrangeiro.
Francesa?quem sabe...
A cada dia trajada com capricho encantava a todos que passavam.
Seu corpo cor de porcelana o enfeitiçava. Sua imagem tornou uma idéia fixa.
À noite, na terra dos sonhos, eles se encontravam e se amavam.
Ao acordar, seus primeiros pensamentos pertenciam a ela.
Contava agoniado as horas para que chegasse o intervalo do almoço,o final da tarde .
Todas as suas horas vagas eram destinadas a sua contemplação.
Fixamente a admirava extasiado.
Os domigos eram seus dias de tortura.
Ele não mais poderia viver sem aquela presença.
Necessitava de um plano de aproximação.
Precisava tê-la todos os dias em seus braços, na sua casa,na sua vida, em sua cama.
Com cuidado, revisou todos os mínimos detalhes de seu plano infalível.
Numa manhã de maio barbeou-se, vestiu sua melhor roupa, usou a colônia que há muito guardava para uma ocasião especial e saiu em direção ao trabalho.
No final da tarde ,numa edição especial de um telejornal, a repórter noticia que um rapaz foi morto por seguranças do shopping por ter atentado violentamente a facadas contra as vendedoras de uma famosa e elegante loja de roupas femininas.
Sobre o mármore preto e branco,em uma poça de sangue, encontrava-se o corpo de um jovem moço bem vestido abraçado a uma fria figura de um manequim vestido de noiva .
Em seu olho de vidro azul,uma lágrima de rubi.
(Eliana Maria Lopes de Andrade)