sexta-feira, 12 de novembro de 2010


O mar em seu fluxo e refluxo embriagou-se de luar e amanheceu de ressaca.
Aborrecido vomitava tudo que lhe enjoava as entranhas
Eterno paradoxo.
O vento traçou-lhe as rotas
Maresia
Tapete azul,verde,branco
Não muito distante dali, arremessado pelas ondas nauseantes ,jaz um corpo...
Rijo, transparente , delicado.
Vidro.
Nada mais possuia da sua antiga vida de rocha
Sua ambição era simplesmente ficar deitada contemplando o céu.
Sódio,quartzo e calor mudaram seu destino
Mão artesã tornou-a fluida,viscosa,maleável.
Com o sopro foi moldado
Atirada à agua, cristalizou
Adquiriu caráter translúcido
Experiências sensoriais jamais imaginadas por um simples composto de sílica
Deram-lhe função
A princípio portava dentro de si mel,nectar dos deuses
Depois, hospedou agua , sumo das nuvens,fonte de vida.
Seu corpo vazio traz uma mensagem
Por ironia do destino voltou ao local de origem
Areia.
Sábia,aguarda com paciência para cumprir sua ultima missão.
Enquanto isso madrepérolas generosas expoem ao sol suas intimidades nacaradas.

Eliana Maria Lopes de Andrade

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