Quando jovem, serviu há um casal.
Ainda possuía o aroma e frescor de sua antiga condição, por esse motivo mantiveram-no ao natural.
Recém-casados, seus donos viviam arrulhando pelos cantos entre risinhos e caricias.
Havia um belo jardim, muitas árvores e uma fonte que atraia pássaros e outros seres alados.
O tempo foi passando e a falta de cuidado acabou com o jardim, secou a fonte e ele perdeu o viço da juventude.
O casal não mais passeava pelo jardim.
A ausência do marido era sua melhor presença.
Às vezes a mulher sentava sob a mangueira com seu olhar náufrago .
Separaram-se.
Acorrentaram-no.
A mudança saiu lastimosa distribuída em dois caminhões.
Foi deixando ali maltratado pelo tempo e sem entender muito bem das dores humanas.
Tinha a impressão que suas juntas jamais poderiam ser dobradas outra vez tal era a dor que sentia ao ficar ali na mesma posição.
Uma vez, dois meninos da vizinhança chegaram por lá atraídos pelas mangas que douradas os tentavam.
Quebraram as correntes.
Alívio!
Subiram nas árvores,correram, jogaram-lhe pedras.
Por fim, depois de tantas brincadeiras, danações e travessuras, acabaram por deixá-lo com sulcos profundos.
Numa noite estranha e fumacenta , pessoas vestidas de forma extravagante ,gargalhando e completamente bêbadas se instalaram nos bancos do que um dia fora um belo jardim.
No dia seguinte amanheceu com manchas cor de uva, fragmentos de vidro entre suas vissuras e gráficos estranhos por toda superfície.
Os dias passavam viscosos, iam lentos como vagarosa é a jornada de uma lesma em seu caminho prateado...
O vento o surrava sem dó diuturnamente.
Ele gemia.
Era prisioneiro de sua própria natureza imóvel.
Apodrecimento.
Um ser inanimado poderia nutrir esperança?
Seiva percorreu seu corpo vegetal um dia.
Uma possivel memória desse tempo em seu cadaver ressequido poderia existir ?
Numa tarde de Março, depois das ultimas chuvas de verão, eis que uma voz o despertou de seu estado letargico.
Um homem com muita habilidade manual fez reparações, hidratou suas juntas, apagou-lhe as misteriosas garatujas e fixou-lhe um belo puxador de ferro fundido.
Aplicou-lhe uma camada de amarelo luminoso para disfarçar os irreversíveis estragos feitos pelas crianças .
Fixou-lhe uma placa dourada com o endereço e um título.
Ficou lindo!
De cada lado foi plantado um pezinho de jasmim estrela.
Depois disso, era aberto e fechado com respeito e muito cuidado por um senhor de sorriso fácil chamado Afonso.
Uma vez por semana recebia generosas gotas de óleo nas dobradiças.
Ganhou fama como “O portão da Escola de Belas Artes”.
Enfim, a vida lhe sorriu!
(Eliana Lopes de Andrade)
Hoje recebi um regalo de uma delicada menina de pernambuco chamada
Paula Barros do blog pensamentos e fotos e que me brinda com suas visitas aqui no blog.Agradeço o carinho e o envio o selinho para:
-A
Pamela do Blog Utopia real ,a menina coletora de orvalho que por causa do poema dessa semana que dediquei a ela se inspirou e resolveu em editar um blog. O blog é zerinho, mas o premio ja vai por conta do que sei que ela é capaz de fazer.
-Ao
Bob Loco dos Los Fanfarrões que tem um blog muito bem humorado.
-
A Denise da Virgula Antenada.Menina aqui de Brasilia que escreve escandalosamente bem.
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Ao Young Vampire ,e seus comentarios interessantes.
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Tyaguin e seus poemas.
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Querida escritora Jasmin do Blog Outono desconhecido que vive do outro lado do oceano e tem pensamentos tão poeticos.
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Fabio Bochecha do Blog Tem pra quem quer.
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Ao Hildebrando eterno aprendiz de poeta.
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Ao Thierry,menino que desenha seus proprios quadrinhos e vem a cada dia melhorando o estilo.
- Ao culto Grijó
Ipsis do Mesma letrasÈ todo de voces!!